Kurt Zehntner, o homem da SIGNAL em Portugal

A presença Alemã em Portugal durante o período da II Guerra Mundial foi articulada na sua maior parte através da actividade dos Serviços da Legação.

Entre estes, tomou alguma proporção o Serviço de Propaganda que se dotou duma estrutura hierarquizada e bem organizada na qual empregou no período de 1941-43 “cerca de 70 funcionários permanentes e centenas de voluntários em todo o país” (António José Telo, “Propaganda e Guerra Secreta em Portugal” Perspectivas & Realidades Lisboa Maio de 1990).

O Serviço de Propaganda da Legação Alemã era dirigido pelo seu chanceler Dr. Wilhelm Klein, com quem trabalhava o homem que dirige a SINAL em Portugal: Kurt Zehntner (Rui Araújo, “O Império dos Espiões”, Oficina do Livro, Lisboa Outubro de 2010).

Por este homem passam todas as actividades que se relacionam com a revista: recepção da revista oriunda de França, onde era impressa; separação e distribuição dos lotes destinados à venda e à oferta; recolha dos fundos obtidos com a venda e o seu envio para a Alemanha. Da SINAL eram distribuídos em 1941-43 15.000 exemplares, número consistente com o que se conhece dos números da produção, embora se desconheça a percentagem entre revistas vendidas / oferecidas. Os fracos valores recolhidos com as vendas, em diminuição constante e acentuada desde 1943, irão motivar a realização da experiência em Portugal e Espanha do lançamento de capas a cor a partir do número 4 de 1944, que se generalizou às restantes edições a partir do n.º 7. Falta saber de que forma se organizava na prática o serviço. Os correspondentes como Fiedler certamente dependiam directamente do Dr. Klein.

As fontes escasseiam quanto aos detalhes da actividade do Serviço de Propaganda, e a maior parte das obras editadas em Portugal ou faz história unilateral a favor dos Ingleses (caso das duas obras de Rui Araújo “O Diário Secreto que Salazar Nunca Leu” e “O Império dos Espiões”) ou assume um desconhecimento estranho, como é o caso da obra de Reinhard Schwarz “Os Alemães em Portugal, 1933 – 1945. A Colónia Alemã através das suas instituições”, Antília Editora, Porto, 2006.A protecção das pessoas envolvidas continua a ser para os Alemães um ponto de honra.

Contactei este autor Reinhard Schwarz (a viver na Alemanha) através da editora, para tentar saber mais acerca da organização do Serviço de Propaganda da Legação e dos serviços de tradução da SIGNAL em Berlim (que empregavam Alemães que viviam em Portugal temporariamente deslocados e Portugueses a viver na Alemanha) mas as respostas corteses que obtive foram evasivas