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Mar
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SIGNAL e Portugal 1: 1941 / SIGNAL and Portugal 1: 1941

A revista SIGNAL teve com Portugal uma relação algo complexa. Por um lado, os seus conteúdos apenas viriam a dar maior relevo a temas relativos ao nosso país já bem entrado o ano de 1941. Por outro lado, a inclusão de artigos com temas específicos de Portugal teria lugar quando o nosso país já tinha derivado definitivamente para fora da possibilidade de uma influência alemã decisiva, após os acordos de meados de 1942 que culminaram na cedência de bases e facilidades nos Açores, e a aquisição de material bélico preferencialmente aos ingleses (tanques Valentine, aviões Spitfire, Hurricane e Beaufighter, etc.).

Apesar de pouco contar para a geo-estratégia alemã, Portugal ainda tinha vastas colónias espalhadas pelo mundo (uma delas, Timor, envolvida na guerra após a ocupações australiana e posteriormente japonesa, que havia que gerir diplomaticamente), e matérias primas para vender, além de servir de plataforma de circulação neutra utilizada por todos os beligerantes.

Assim, esta mensagem é a primeira de cinco em que iremos analisar, ano a ano, o que a SIGNAL/ SINAL publicou acerca de Portugal.

1941

Este é o ano do arranque da SINAL, edição em português da SIGNAL. O número 12 é o primeiro, inicialmente impresso em Berlim. A partir do número seguinte, viria a ser impresso em Paris, na casa Curial-Archereau, a partir de matrizes enviadas pela Deutscher Verlag.

Coloquei uma fotografia dum exemplar em óptimo estado de conservação, raro neste estado.

Curiosamente, o primeiro e maior artigo dedicado a Portugal nesse ano saiu no número 8.

Vai aqui na íntegra, na versão francesa. O correspondente de serviço é o Dr. Kurt Zentner, antecessor de Leopold Fiedler e (por um artigo apenas) Giselher Wirsing (sim senhor, esteve cá por duas vezes e faria crónica da segunda vez, em 1943).

O artigo tem um tom paternalista, sintetizando a vida e o país como atrasado (pesca e agricultura artesanais), estando a iniciar a senda industrial (o edifício do Técnico em Lisboa, recém inaugurado), o prestígio da Alemanha (até o carro do Embaixador inglês é alemão) e uma “vida de cigarra” (“Le portugais vit au café”, o português vive no café!).

Decididamente, falta qualquer coisa. Leopold Fiedler viria a passar uma imagem mais profunda, mas também mais intencionada, nos anos seguintes.

No próprio número inaugural da SINAL, saiu uma fotografia legendada, onde são mostradas tropas portugueses a embarcar para reforçar o contingente nos Açores: o governo decidira que em caso de invasão se refugiaria lá. A foto, de Leopold Fiedler, mostra a tribuna, onde está Salazar.

Augusto Mouta


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