Archive for March, 2010

30
Mar
10

A SINAL e Portugal 4: 1944, os artigos / SIGNAL and Portugal 4: 1944, the articles

1944

Nesta mensagem, apenas os artigos de 1944, as capas a cores ficam para outra vez.

Neste domínio, constata-se um retraimento da SINAL quanto aos temas originais, ou exclusivos, da edição portuguesa. Nos 7 primeiros números de 1944 há apenas dois relativos a temas portugueses, embora haja outros exclusivos da SINAL Po.

Curiosamente, a edição portuguesa continuará a ser luxuosa: além das capas a cores exclusivas das edições Po e Sp (note-se que a “nossa” mantém o título SINAL, que obriga a parte gráfica a maior trabalho e despesa), a revista vai ter as célebres páginas a cor extra, intercaladas no local habitual.

As imagens são dos artigos dos seguintes números:

6. “Uma excursão à Praia do Sol“, artigo de Leopold Fiedler relatando uma ida à praia da Caparica.

7. “Verde – Gaio“, artigo de Leopold Fiedler. O “grupo coreográfico” que é objecto deste artigo é um produto típico da acção propagandística e culturalmente dirigida de alguns meios do Estado Novo. Sempre ouvi e li acerca dele coisas muito más quer quanto à qualidade, quer quanto ao fundo cultural (musical e coreográfico). No entanto, o grupo, que suponho viria a terminar em 1950, representou um trabalho importante, ainda que de qualidade não profissional: esta viria apenas com o Grupo Gulbenkian de Bailado iniciado em 1960.

Excertos de textos de outros sites acerca do “Verde Gaio”:

“Verde Gaio

O “Verde Gaio” foi criado a partir de 1940, sobretudo devido à perseverança de António Ferro, que fora um apreciador dos Ballets Russes,  mentor do Teatro Novo e que ocupava o cargo de secretário da Propaganda Nacional. Para ele, esta seria a afirmação da portugalidade. Em Novembro de 1940, integrados no quadro “Exposição do Mundo Português”, patrocinado pela Comissão dos Centenários, orientado pelo Secretariado da Propaganda Nacional, os “Bailados Portugueses Verde Gaio” faziam a sua apresentação no Teatro da Trindade, perante o Presidente da República. Dançaram bailados como Lenda das Amendoeiras, com música de Jorge Croner de Vasconcelos, cenários e figurinos de Maria Keil do Amaral; o Muro do Derrete, cujo autor da música era Frederico Freitas com cenários e figurinos de Paulo Ferreira. Finalmente, Ruy Coelho compôs a música de Inês de Castro e José Barbosa assinou os cenários e figurinos.

A crítica foi sempre muito benevolente apesar do rigor técnico muitas vezes não corresponder aos elogios prestados.

O “Verde Gaio” trabalhava todo o ano no Teatro de S. Carlos onde possuía o seu estúdio privativo, camarins, etc. E funcionava durante a temporada lírica como corpo de baile, mas terminada a temporada readquiriam a sua independência.

O Círculo de Iniciação Coreográfica também colaborava nos bailados das óperas mas, tanto num caso como no outro, a qualidade nunca foi a de uma companhia profissional.

Assim, em 1960, improvisou-se um novo grupo – O Grupo Experimental de Bailado, que viria, posteriormente a chamar-se Grupo Gulbenkian de Bailado.”

(do site http://www.citi.pt/cultura/bailado/bailarinos/olga_roriz/verde.html )

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“O Grupo de Bailados Portugueses “Verde Gaio” surgiu no início da década de 40, concretizando um antigo sonho do então director do Secretariado de Propaganda Nacional, António Ferro, inspirado nos “ballets russes”. A estreia da companhia, no Teatro da Trindade, fez parte do programa da dupla comemoração dos Centenários da Fundação de Portugal e da Restauração da Independência.

Ao longo de toda essa década, os bailados da companhia procuram recriar as danças populares, os trajes tradicionais e os costumes nacionais. Para o “Verde Gaio” trabalharam grandes nomes do panorama artístico e cultural da época, como Mily Possoz, Paulo Ferreira, Maria Keil, o já referido José Barbosa, e Thomaz de Melo (Tom). Do corpo de bailado, o par principal era constituído por Francis Graça, grande bailarino e coreógrafo, e pela alemã Ruth Walden.

A Nazaré, com o seu mar, as suas gentes e as suas dores, foi representada em dois bailados: “Imagens da Terra e do Mar”, apresentado em 1943, no Teatro Nacional de S. Carlos, com argumento de António Ferro, coreografia de Francis, música de Frederico de Freitas e cenário de Carlos Botelho, figurinos e cortinas de Paulo Ferreira; e “Nazaré”, apresentado em 1948, no Teatro Nacional de S. Carlos, com argumento e coreografia de Francis, música de Frederico de Freitas e cenários e figurinos de José Barbosa.

Este bailado foi um dos bailados mais conseguidos de Francis, e também um dos últimos criados pelo “Verde Gaio”.

Em 1949, os bailados “Imagens da Terra e do Mar” e “Nazaré” foram apresentados em Paris, no Théâtre dês Champs-Élysées, com grande sucesso.

A exposição “Nazaré e a Companhia Portuguesa de Bailado Verde Gaio (1940-1950)” é uma organização do Museu Etnográfico e Arqueológico Dr. Joaquim Manso e da Câmara Municipal da Nazaré, com a colaboração do Museu Nacional do Teatro, a quem pertence, actualmente, o espólio da companhia de bailado.”

(do site http://www.oesteonline.pt/noticias/noticia.asp?nid=9404 )

Augusto Mouta

30
Mar
10

SINAL e portugal: artigos não publicados em português / SIGNAL and Portugal: articles not published in portuguese edition

Durante o ano de 1943, saíram na SIGNAL dois artigos sobre Portugal que não tiveram “direito” a sair na edição portuguesa. Ambos são da autoria de Leopold Fiedler, e em ambos há alguma relação com outros artigos que saíram na SINAL, exclusivamente na edição portuguesa.

Nas imagens, temos:

1. O artigo da edição alemã número 15, “Die SIGNAL berichter notierte… Portugal”. Note-se que a fotografia da rapariga pertence à mesma sequência (mas não é a mesma) de outra publicada no artigo “Portugal sabe precaver-se”, que saiu exclusivamente na SINAL .º 18 de 1943.

2. Artigo do número 22, “Von Coimbra bis Petsamo”, em três edições: a original alemã, a inglesa (pelo menos nesta muitos a podem ler) e a sérvia. Embora não tenha saído em muitas edições, é curioso que não esteja na portuguesa.

Augusto Mouta

26
Mar
10

SINAL e Portugal 3: 1943/ SIGNAL and Portugal 3: 1943

1943

Este ano trouxe um grande número de artigos com interesse. Apresento uma galeria de imagens dos artigos acerca de Portugal que, não sendo exaustiva, é no entanto muito representativa.

Na galeria de imagens estão as seguintes páginas, por ordem do número em que saíram:

1. “Os frequentadores do Rossio“. Autor não identificado, mas possivelmente Leopold Fiedler.

2. “Crianças no filme“. Uma interessantíssima foto-reportagem de Leopold Fiedler sobre o filme “Aniki – Bóbó”, de Manoel de Oliveira.

4. “Portugal dos pequeninos“. Uma foto-reportagem acerca do parque que ainda hoje existe em Coimbra. Uma das fotos desta reportagem viria a ilustrar o artigo “Von Coimbra bis Petsamo” saído na SIGNAL n.º 21 de 1943 em muitas edições, mas não na portuguesa (ver mensagem específica).

6. “Impudor sem nome“. Sem comentários…

8. Ampliação dos vestígios da excisão das páginas com o artigo “A portuguesa de 1943“.

9. “O Conde da Torre dá recepção“. Reportagem de Leopold Fiedler. Notar a presença de membros relevantes da comunidade alemã em Portugal, como o ministro Barão Hoyningen-Huene, e o ministro italiano Fronzoni.

10. “Portugal pertence à Europa“. Artigo do Dr. Herculano Eça. Note-se a magnífica vista da Ribeira do Porto.

11. “Lagostas no Cabo da Roca… e pesca no mar de Azov”. Reportagem de Leopold Fiedler na parte realizada em Portugal. Uma das fotografias tiradas por Leopold Fiedler no âmbito deste artigo, exclusivo da edição portuguesa, veio a ser a contracapa do número 21 de 1943, da edição internacional excepto a italiana. A rapariga e o seu casaco são facilmente reconhecíveis.

14. “A portuguesa de 1943“, artigo do Dr. Herculano Eça, e “Torres Novas“, de Leopold Fiedler.

15. A página a cores “Entronização em Bamberg“. O artigo correspondente a preto e branco, saiu em diversas edições.

17. “Ajuramentação da Legião Portuguesa“. Curiosamente, também a edição espanhola publicou este artigo. Autor não identificado, mas presumivelmente Leopold Fiedler.

18. “Passeio em Lisboa” de Giselher Wirsing, interessantíssimo artigo redigido quando da segunda visita a Portugal; “Portugal sabe precaver-se“, de Leopold Fiedler. Curiosamente, uma das fotografias deste artigo, a da rapariga,  está relacionada com outra, diferente mas da mesma sequência,  que foi publicada num artigo sobre Portugal, “Der SIGNAL berichter notierte… Portugal” que saiu no número 15 de 1943 da edição alemã, mas que não veio a ser publicado na edição portuguesa (ver mensagem específica).

19. “Um pintor português em Berlim” e “Três aguarelas“. Reportagem acerca de Carlos Carneiro, pintor do Porto, a propósito de uma exposição de trabalhos seus realizada em Berlim, promovida pelo Iberoamerikanische Institut.

21. “Símbolos do Império Português“. Excelente reportagem de Leopold Fiedler. “Fazendo a sesta. Um aspecto de Lisboa“, contracapa com fotografia de Leopold Fiedler que pertence à sequência do artigo “Lagostas no Cabo da Roca… e pesca no mar de Azov“, publicado exclusivamente no número 11 de 1943 da edição portuguesa. A legenda é que não faz muito sentido…

22. “Audiência em Belém“, da autoria do Dr. Gerhart Thimm. “O cavalo Málaga”, artigo de Leopold Fiedler.

23. CapaOs sem – número“, fotografia anónima mas presumivelmente de Leopold Fiedler, tal como o correspondente artigo nas páginas interiores. Artigo anónimo “Os sem número“, relativo aos marinheiros mercantes naufragados próximo às costas de Portugal. Oportunamente inserirei uma mensagem acerca de diversas edições deste artigo. “Écran encantador“, anónimo. “O filme alemão em Portugal“, de Leopold Fiedler. Registe-se que a actriz Marikka Rokk, que já anteriormente tivera direito a foto de página inteira na SIGNAL, era uma das favoritas do público português, e muitos, como o meu pai, já passados muitos anos ainda se lembravam bem do seu nome.

Augusto Mouta

22
Mar
10

Sinal e Portugal 2: 1942 / SIGNAL and Portugal 2: 1942

No ano de 1942, Portugal esteve presente nas páginas da SINAL em diversas reportagens. Apresento uma galeria de imagens dos artigos acerca de Portugal que, não sendo exaustiva, é no entanto muito representativa.

Na galeria de imagens estão as seguintes páginas, por ordem do número em que saíram:

1. ContracapaO dia duma pequena varina” e artigo “O dia duma pequena “varina”“, ambos da autoria de Leopold Fiedler.

6. “Soldados norte-americanos na Islândia dinamarquesa… e soldados portugueses para os seus Açores“, reportagem de Leopold Fiedler para a parte portuguesa. Comparação entre o cinismo da ocupação militar pelos EUA de território pertencente à Dinamarca com o reforço da guarnição militar portuguesa nos Açores. Tema já abordado no n.º 12 de 1941.

8. “… e vinho velho para beber” e “Hino ao Vinho do Porto“, foto-reportagem de Leopold Fiedler.

14. Fotografia a cores pescadores da Nazaré.

18. “Traços fisionómicos imperecíveis“. Célebre pequeno artigo!

19. “Entre seis graus de latitude“, anónimo. “Sardinhas“, foto-reportagem realizada na Nazará (ver também fotografia a cores do n.º 14) anónima mas tal como a anterior presumivelmente realizada por Leopold Fiedler.

20. “Cortiça para a Europa” foto-reportagem de Leopold Fiedler.

22. “Visita de portugueses à Frente Leste alemã“. Interessantíssima foto-reportagem presumivelmente do PK Pincornelly e continuada no número seguinte, acerca da visita de uma delegação militar que teve lugar em Novembro de 1941. Entre os presentes encontrava-se o futuro Marechal António de Spínola, que foi um dos mais importantes comandantes portugueses da Guerra Colonial (Guiné) e Presidente da República, o primeiro após o 25 de Abril.

23. “Portugal estuda na Frente Leste“, foto-reportagem do PK Pincornelly, continuação do numero anterior. “Lisboa Cidade que ressurgiu“, de Norberto de Araújo. “Últimas novidades sem perda de tempo” e “Cortiça – na Alemanha“, ambos anónimos. Contracapa “1, 2, 3…“, exclusiva das edições portuguesa e espanhola, sendo a fotografia do célebre A. Zucca, de Paris.

21
Mar
10

SIGNAL e Portugal 1: 1941 / SIGNAL and Portugal 1: 1941

A revista SIGNAL teve com Portugal uma relação algo complexa. Por um lado, os seus conteúdos apenas viriam a dar maior relevo a temas relativos ao nosso país já bem entrado o ano de 1941. Por outro lado, a inclusão de artigos com temas específicos de Portugal teria lugar quando o nosso país já tinha derivado definitivamente para fora da possibilidade de uma influência alemã decisiva, após os acordos de meados de 1942 que culminaram na cedência de bases e facilidades nos Açores, e a aquisição de material bélico preferencialmente aos ingleses (tanques Valentine, aviões Spitfire, Hurricane e Beaufighter, etc.).

Apesar de pouco contar para a geo-estratégia alemã, Portugal ainda tinha vastas colónias espalhadas pelo mundo (uma delas, Timor, envolvida na guerra após a ocupações australiana e posteriormente japonesa, que havia que gerir diplomaticamente), e matérias primas para vender, além de servir de plataforma de circulação neutra utilizada por todos os beligerantes.

Assim, esta mensagem é a primeira de cinco em que iremos analisar, ano a ano, o que a SIGNAL/ SINAL publicou acerca de Portugal.

1941

Este é o ano do arranque da SINAL, edição em português da SIGNAL. O número 12 é o primeiro, inicialmente impresso em Berlim. A partir do número seguinte, viria a ser impresso em Paris, na casa Curial-Archereau, a partir de matrizes enviadas pela Deutscher Verlag.

Coloquei uma fotografia dum exemplar em óptimo estado de conservação, raro neste estado.

Curiosamente, o primeiro e maior artigo dedicado a Portugal nesse ano saiu no número 8.

Vai aqui na íntegra, na versão francesa. O correspondente de serviço é o Dr. Kurt Zentner, antecessor de Leopold Fiedler e (por um artigo apenas) Giselher Wirsing (sim senhor, esteve cá por duas vezes e faria crónica da segunda vez, em 1943).

O artigo tem um tom paternalista, sintetizando a vida e o país como atrasado (pesca e agricultura artesanais), estando a iniciar a senda industrial (o edifício do Técnico em Lisboa, recém inaugurado), o prestígio da Alemanha (até o carro do Embaixador inglês é alemão) e uma “vida de cigarra” (“Le portugais vit au café”, o português vive no café!).

Decididamente, falta qualquer coisa. Leopold Fiedler viria a passar uma imagem mais profunda, mas também mais intencionada, nos anos seguintes.

No próprio número inaugural da SINAL, saiu uma fotografia legendada, onde são mostradas tropas portugueses a embarcar para reforçar o contingente nos Açores: o governo decidira que em caso de invasão se refugiaria lá. A foto, de Leopold Fiedler, mostra a tribuna, onde está Salazar.

Augusto Mouta

21
Mar
10

A Exposição “Moderna Arquitectura Alemã” de Speer / The Exposition “Neue Deutsche Baukunst” by Speer

(English version below)

Em 1941, foi realizada em Portugal a exposição de carácter itinerante “Moderna Arquitectura Alemã”, versão portuguesa da “NEUE DEUTSCHE BAUKUNST”.

O promotor do certame foi o Arquitecto Albert Speer, à data Inspector Geral do Urbanismo de Berlim, Generalbauinspektor für die Reichshauptstadt. Este cargo era mais importante e um pouco diferente do que parecia à primeira vista. Com efeito naquela época já Speer se tinha introduzido no círculo mais íntimo do Führer graças ao seu talento como Arquitecto e ao interesse que Adolf Hitler tinha nas suas ideias. Para o concretizar tinha-lhe sido dado o cargo acima referido que tinha como objectivo projectar a futura capital da Alemanha, numa perspectiva de imortalização urbana do Império (nenhum povo sobrevive às suas cidades, dizia AH). Paralelamente, Speer havia realizado alguns dos projectos mais emblemáticos do III Reich, e tinha conjugado esforços com outros Arquitectos que conjuntamente viriam a forjar a imagem Arquitectónica da Alemanha nazi, como Troost, Diestler e outros.

Apresento-voa aqui o livro dessa exposição, editado pela Volk und Reich Verlag, de Berlim. O livro tem uma apresentação Speer e é prefaciado por Rudolf Wolters, um dos seus colaboradores mais próximos, que haveria de prosseguir a sua carreira de Arquitecto após o final da guerra, e de o apoiar no período da sua prisão.

As imagens respeitam ao livro editado em 1941 para comemorar a exposição. O próprio Albert Speer esteve em Portugal por ocasião do evento.

Insiro ainda imagens de um cromo de uma colecção alemã dos anos 30, no qual se vê o Arquitecto Troost (escrito Trost na legenda) recebendo Adolf Hitler no seu gabinete, debruçados sobre projectos.

Ainda, da SIGNAL número 2 de 1941 edição espanhola uma reportagem do trabalho de Speer em Berlim: a preparação para a nova capital passa pela demolição de edifícios antigos e construção de novos. No entanto, a “Haus des Deutschen Fremdenverkehrs” foi demolida pouco tempo após o final da guerra, em 1945.

Em seguida, a propósito do Estádio Olímpico de Berlim que vem representado no livro, os dois magníficos álbuns de cromos relativos às Olimpíadas de 1936, no qual figuram alguns desenhos de Hans Liska, incontornável artista mais tarde ao serviço da SIGNAL (e da Mercedes Benz, e da Märklin, e de muitas outras firmas no pós-guerra).

Pois apresento-vos duas visões de Liska do Estádio Olímpico, a comparar com a fotografia do livro que também junto. São dois desenhos excelentes, que valorizam a Arquitectura e a vivência do evento!

Voltando ao livro: a não perder!

Transcrevo, com a devida vénia, do excelente livro da autoria de Reinhard Schwarz “Os Alemães em Portugal, 1933 – 1945. A Colónia Alemã através das suas instituições”, Antília Editora, Porto, 2006, 312 págs., a seguinte passagem do capítulo “Exposições”:

(Início de transcrição)

“Em 8 de Novembro de 1941, inaugurou-se em Lisboa a notável exposição Nova Arquitectura Alemã organizada pelo Inspector Geral de obras da capital do Reich, Arquit. Albert Speer, em colaboração com o Grémio Luso-Alemão e com a representação lisboeta da RDV. Presentes o Presidente da República, General Carmona, e o ministro das Obras Públicas, Eng.º Duarte Pacheco (o Presidente do Conselho, Prof. Salazar, visitou-a mais tarde). Depois dos cumprimentos ao Presidente apresentados pelo ministro da Alemanha, Von Hoyningen-Huene, e pelo presidente da Sociedade das Belas Artes, Eugénio Correia, o Chefe do Estado visitou a exposição na companhia de Speer e dos organizadores e pediu explicações pormenorizadas sobre as obras dos arquitectos Troost, Speer e Kreis. Uma hora depois e apesar da chuva intensa que caía nesse dia, uma multidão aguardava em frente da Sociedade das Belas Artes para assistir à partida do General Carmona.

No dia seguinte, ao saírem em grandes títulos na imprensa portuguesa as notícias da exposição, doze mil interessados foram visitá-la, apesar da chuva persistente e da enchente de visitantes, que obrigou a polícia a encerrá-la temporariamente. Nos catorze dias que a exposição esteve aberta ao público, mais de cem mil visitantes ali acorreram, o que fez dela a maior até então exibida em Portugal. Dado o grande interesse demonstrado e a rapidez com que os milhares de prospectos se esgotaram, foi publicada uma obra bilingue de grande formato profusamente ilustrada que reproduzia em papel de boa qualidade as obras principais.” (fim de transcrição)

De referir que a obra reproduz fotografias do evento, numa das quais se vê o Arq. Raul Lino a servir de intérprete entre Albert Speer e o General Carmona.

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In 1941 the exhibit “Moderna Arquitectura Alemã”, portuguese version of “Neue Deutshe Baukunst” (Modern German Building Art”) was brought to Portugal. The promoter was Albet Speer, then General Inspector of the Urbanism of Berlin. This post was more important and slightly different than it might appear at first sight. Speer had already penetrated into Hitler’s inner circle thanks to his talent as Architect and the interes Hitler had in his ideas. To put his position into practical terms, the above mentioned post was created for him in order to bring into existence the new capital city of Germany, in a perspctive of future imortalisation of the empire (cities survive to the people that creates them, AH said). In paralel, Spear had created some of Third Reich’s most emblematic buildings, and brought about the efforts of other Architects like Troost, Diestler and other to make the Architectural image of nazi Germany.

I present here the book that was made for the exhibit, published by the Volk und Reich Verlag, from Berlin. It was presented by Albert Speer and prefaced by Rudolf Wolters, one of his closest collaborators, one who would continue to work as an Architect after the war’s end and support him in his years in jail.

The images are from the book published in 1941 to commemorate the exhibit. Speer himself was present in Portugal.

there is also a photo from a collection from the 30’s that shows Troost with Adolf Hitler in his office, showing some projects.

From SIGNAL number 2 of 1941 a report on the ongoing work of Speer in Berlin: the transformation into the new Hauptstadt requires the demolition of old buildings and the erection of new ones. However, the “Haus des Deutschen Fremdenverkehrs” would be brougt down shortly after the war’s end, in 1945.

Then, as the Olympis Stadium is reresented in the book, two drawings of this building by Hans Liska, from the magnificent two book photo collection of the 1936 Olympic Games, to compare with the photo I present. Two magnificent drawings that share with us the living experience!

Back to the book: don’t miss it if you can.

Augusto Mouta

21
Mar
10

Um lapso da SIGNAL / One mistake of SIGNAL

(English version below)

A SIGNAL cometeu no seu número 14 de 1941 um lapso, que consistiu em ter identificado o cantor Francisco d’Almeida como espanhol, quando na realidade era português. O artigo, intitulado na edição Po “O eterno incompreendido Don Juan”, mereceu mesmo uma página a cores reproduzindo um quadro que representa o cantor.

A SIGNAL não corrigiu o seu erro senão na edição portuguesa para Portugal através de uma pequena tarjeta solta que seria inserida na página a que respeitava. Na totalidade das outras edições a rectificação não foi feita.

A desculpa apresentada pela Deutscher Verlag é muito má, e de facto não é uma justificação séria.

Neste período, sabe-se que uma grande parte da edição em português, que já era impressa na casa Curial-Archereau de Paris desde o número anterior, ia para o Brasil, e tal situação seria mantida ainda por alguns meses. Mas ignora-se se esta tarjeta lá ia também.

De qualquer modo, uma vez que muitos coleccionadores nunca a viram apresento-a aqui.

Augusto Mouta

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SIGNAL made a mistake in it’s number 14 of 1941, which consisted in having identified the singer Francisco d’Almeida as being spanish when he was in fact portuguese. The article titled “The ethernal Don Juan” was honored with a colour page representig a painting of the singer.

SIGNAL didn’t rectify the error except for the portuguese edition for Portugal through a small sheet inserted in the respective page. In all others, the sheet is missing.

The excuse presented, being a very large diffusion magazine is very bad indeed, and not convincing.

By this time, the Po edition was made in Curiaç-Archereau in Paris since the preceding number, and many were being sent to Brazil. It is not known if the sheet was present in the magazines sent there.

Anyway, I know that most collectors don’t know about this, so I show it here.

Augusto Mouta

21
Mar
10

SIGNAL italiana, final de 1944/ SIGNAL late 1944 italian edition

(English text below)

Esta mensagem trata de uma questão curiosa acerca da SIGNAL edição italiana em finais de 1944.

Durante o ano de 1944, o custo da SIGNAL subiu mais de uma ocasião, em todas as áreas onde era vendida.

É sabido que o ensaio de capas a cores foi feito em Portugal e em Espanha, e que foi um sucesso. A Deutscher Verlag contava com este sucesso comercial, e a partir do número 7 inclusive a SIGNAL passou a ter capas a cores em todas as edições, com exclusão da Russa. O aumento de preço correspondente às novas capas a cores não teve lugar ao mesmo tempo em toda a parte. No caso da Itália, o aumento foi efectuado na transição do número 9 (3 Liras) para o 10 (4 Liras). Deste número até ao 19, o preço seria de 4 Liras, afixado no disco vermelho da capa.

No entanto, a partir do número 17 de 1944 e até ao número 1 de 1945 passou a existir uma situação dúplice: as revistas eram impressas com o preço 4L no disco vermelho, mas passou a vigorar o preço de 6L. Nos números 17 e 18, foram colados discos verde claro com a menção 6L sobre os vermelhos, tapando o preço 4L. Nos números 19 de 1944 e 1 de 1945 a menção 4L passou a ser tapada com uma barra preta e o novo preço 6L dentro do disco vermelho.
Mas para tornar as coisas confusas, aparecem também exemplares com o preço 4L destapado, parecendo que circularam paralelamente!

Nas fotografias, exemplares da minha colecção com diversas variantes de marcação: as impressões originais limpas, e diversas variantes de sobreposição do novo preço. Apresento também os números 1 e 2 de 1945, que marca o fim do período de transição.

Alguns estudiosos dizem que havia zonas em que o preço de venda era diferente de outras, umas a 4L outras a 6L; diz-se, ainda, que os de 6L eram vendidos ao público em geral e as de 4L a amigos ou eram ofertas; há ainda quem diga verosimilmente que os de 6L eram os vendidos em banca e os de 4L eram de distribuição aos assinantes. Esta última versão é corroborada por uma entrada na página 3 do número 2 de 1945 que diz que os assinantes de 1944 pagaram por 24 revistas e como o ano de 1944 encerrou com apenas 19, irão receber as primeiras 5 revistas de 1945 integradas no preço da assinatura de 1944.

De qualquer modo, ficam as imagens: de cada número, a impressão original, e as aposições (discos e barras) com os novos preços. Notar as diferentes formas de letras utilizadas. No caso do n.º 17, uma foto com algumas variantes.

Augusto Mouta

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This message deals about a curious matter regarding late 1944 issues of the italian edition.

During 1944 the price of SIGNAL raised more than once, in all the regions where it was sold.

We know that the practical essay of the colour covers was made in Portugal and in Spain, and that it was a success. So from number 7/ 1944 on, all the editions received colour covers, Russian edition excepted. The corresonding raise in price did not take plaxe all at once. In the case of italian edition, it came in the transition from numbrer 9 (3L) to number 10 (4L). From this one until number 19, the price 4L would be stamped on the cover’s red circle.

However, from number 17/ 1944 until number 1/ 45 there was a double situation: the magazines were thus printed, but many received a new price, in the form of light green paper circles (numbers 17 and 18) or printed bars an mention 6L on the red circle.

Tho make things confusing, both situations, clear 4L red circles or 6L papers or bars, appear to have circulated simultaneously.

We don’t know for sure what happened, but I place here for your interest a few photos of magazines from my collection that illustrate the situation. There are a few variantions in letter shape. I place also numbers 1 and 2 of 1945, which marks the end of the transition period.

Augusto Mouta

17
Mar
10

STELIO MILLO, historiador da SIGNAL / STELIO MILLO, historian of SIGNAL

STELIO MILLO

(English version below)

O nome de Stelio Millo aparece frequentemente quando se trata da SIGNAL. Com efeito, este italiano nascido em Trieste em 1 de Setembro de 1927 e falecido em 2003, é o autor de uma das mais conhecidas obras de referência, intitulada SIGNAL DOSSIER e editada pelo autor em Trieste, 1987. No entanto, nos meios culturais italianos ele é sobretudo conhecido pela sua obra “I peggiori anni della nostra vita: Trieste in guerra 1943-1945” de 1989 e pela sua actividade como crítico de banda desenhada, tendo assinado uma vastíssima quantidade de artigos sobre os “fumetti”. Sendo pessoalmente um leitor (e coleccionador, porque não dizê-lo) de banda desenhada desde a infância, conheço desde há algum tempo os seus textos, publicados em revistas, em fanzines e em compilações críticas. Uma das suas vertentes críticas mais fortes é a da política na BD, tanto como autor de textos como de organizador de exposições. A sua participação cívica foi ao ponto de ser eleito deputado pelo seu círculo. É possível encontrar na net muitas referências a artigos da sua autoria, estando acessível online pelo menos um deles, inserido na compilação “Quel fantastico mondo: padri, figli, padrini, padroni e padreterni del fumetto italiano”, da autoria de Gianni Brunoro, Edizioone Dedalo, 1984, e está citado no livro “Il fascismo a fumetti” de Claudio Carabbia (procurar em Google livros sob o nome stelio millo).

Stelio Millo foi galardoado em duas ocasiões com prémios literários. O primeiro, “Premio Critica” em 1970, e o segundo em 1981 pelo seu livro “Il fumetto tradito”, ed. Conti Editore 1980.

Insiro aqui imagens de outro texto acerca dos “quasi fumetti” da Der Adler, publicado no fanzine WOW em 1976.

Uma característica da sua personalidade, que se pode deduzir directamente do título da sua obra acerca de Trieste nos anos finais da guerra, é a sua amargura pela influência negativa do fascismo e da presença alemã em Itália. O meu amigo espanhol Carlos Diez Fernandez foi o primeiro a chamar-me a atenção parta essa faceta, já lá vão uns bons 15 anos, que confirmei posteriormente: a sua paixão pelas revistas do tempo da guerra tem mais que ver com o testemunho da sua época do que com o seu conteúdo.

Assim, o seu trabalho acerca da SIGNAL é notável pelo rigor histórico e pelas informações nele contidas. Essa obra contém, ainda, dados que ainda não foram inteiramente assimilados pelos coleccionadores e estudiosos (que na maioria dos casos não são, em rigor, as mesmas pessoas…), como sejam as capas das edições iraniana e turca… Existe, ainda, um filme (que não tenho nem nunca vi) que o mostra manuseando o único exemplar divulgado do n.º 6 de 1945…

A sua obra e património são hoje preservadas pelas suas filhas, Anna (ela própria autora de estudos interessantes) e Maria Millo, com quem me correspondi brevemente, conservando uma memória de pessoas dignas e bem intencionadas, dedicadas à protecção da memória do seu pai.

Augusto Mouta

Obs.: O livro SIGNAL DOSSIER vai reproduzido na íntegra, em homenagem às suas filhas Maria Pia e Anna Millo, que quiseram recordar e partilhar este estudo do seu pai.

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The name of Stelio Millo arises frequently when SIGNAL is the subject. This italian born in Trieste on 1 September of 1927 and deceased in 2003, is the author of one of the best known reference works, SIGNAL DOSSIER, published by the author in Trieste, 1987. Nevertheless, in italian cultural circles he is best known for his book “I peggiori anni della nostra vita: Trieste in guerra 1943-1945” published in 1989, and for his activity as a comic book critic, having written a huge number of texts about the “fumetti”. As a reader and collector of comics since my infancy, I know his writings from quite a while, which were published in magazines, fanzines and critical compilation books. One of his remarquable critical traits deals with politics in comics. His civic intervention went so far as to become a deputy for his circle. It’s easy to find in the internet references to his articles, at least one being accessible online, inserted on the book “Quel fantastico mondo: padri, figli, padrini, padroni e padreterni del fumetto italiano”, authored by Gianni Brunoro, Edizioone Dedalo, 1984. His name and work are cited in the book  “Il fascismo a fumetti” by Claudio Carabbia (look in Google books under stelio millo).

Stelio Millo was awarded literary prizes twice. The first in 1970 “Premio Critica”, the second in 1981 for his book “Il fumetto tradito”, ed. Conti Editore 1980.

I placed here images about the “quasi fumetti” of Der Adler, published in the fanzine WOW in 1976.

One personal trait that can be deduced from the title of his book about Trieste during the late war years is his bitterness about fascism and the german presence in Italy. My friend Carlos Diez Fernnandez was the first to point that to me, a good 15 years ago, and I later confirmed that. His passion for wartime magazines relates more to their value as documental testimony of an epoch than its speciphic contents.

His work about SIGNAL is remarquable for historical accuracy and the wealth of the information contained in it. That work contains a few things that were not, to this day, entirely integrated by both collectors and scholars (which are not strictly the same people…), such as the covers of the iranian and turkish editions. There is also a film (which I don’t have, and never watched) that shows him handling the sole known example of number 6 of 1945.

His work and patrimony are cared today by his daughters, Anna (herself the author of interesting studies) and Maria Millo, whith whom I corresponded briefly, and kept an image of dignified and good meaning people, dedicated to the protection of their father’s memory.

Augusto Mouta

Obs.: The book SIGNAL DOSSIER is integrally reproduced in hommage to his daughters Maria and Anna, who wished to remember and share her father’s work.