Archive for January 28th, 2010

28
Jan
10

SINAL, edição portuguesa da SIGNAL

O INÍCIO DA EDIÇÃO EM PORTUGUÊS: JUNHO DE 1941

A revista SIGNAL iniciou a sua publicação em Abril de 1940, editada sob a responsabilidade directa da Deutscher Verlag como edição especial do periódico “Berliner Illustrierte Zeitung”. Esta publicação começou com quatro línguas distintas e outras tantas edições. Com a continuação da guerra, e a necessidade de atingir directamente públicos cada vez mais vastos e exigentes com a sua propaganda, os alemães decidiram produzir edições num número crescente de línguas. Entre estas, uma edição em português cujo primeiro número foi o 12 de 1941, correspondente à segunda quinzena de Junho desse ano.

A cada edição foi atribuído um código próprio, por ex. alemã D, inglesa E, francesa F, italiana D/I e I, etc. No caso da edição portuguesa, o código atribuído foi “Po”, abreviatura da palavra alemã “Portugiesisch”, aposto no canto superior esquerdo da capa da revista.

Este número (12/ 1941) viria a distinguir-se dos seguintes por ter sido impresso na Alemanha (Berlim, Kochstrasse), o que se constata pela referência “Printed in Germany”, a qualidade do papel e das tintas. Os números subsequentes da edição portuguesa até ao n.º 7 de 1944 viriam a ser impressos em Patris, na casa Curial-Archereau, a tal que viria também a imprimir a YANK, casa essa que no sistema de controlo alemão tinha o código DZ210. O conteúdo das revistas foi sempre preparado em Berlim na sede da Deutscher Verlag, e as matrizes enviadas para Paris para serem impressas. Por vezes, os tipógrafos deixaram por apagar pequenas referências escritas em alemão nas margens das páginas, que comprovam terem tido origem na Alemanha. A qualidade do papel das revistas foi sempre boa, e excelente no caso das páginas a cores, ao contrário de muitas revistas impressas na mesma casa. A Deutscher Verlag teve sempre o cuidado de manter a SINAL com a melhor qualidade de papel e de impressão possíveis.

O TÍTULO: SINAL

Por acordo com as autoridades portuguesas, a edição portuguesa da SIGNAL recebeu desde o seu início o título SINAL, que foi inserido nas revistas com os números 12 de 1941 ao 6 de 1944. A revista foi sempre editada em português, ao contrário de outras edições como a espanhola ou a italiana, que tiveram períodos de edição bilingue (ex.: italiano/ alemão ou espanhol/ alemão). Por razões de uniformização editorial,  a partir do n.º 7 de 1944 todas as edições incluindo a portuguesa passam a ter SIGNAL como título da revista. Assim, esse será também o título dos números de 1945 (1 e 4).

A EDIÇÃO EM PORTUGUÊS

A edição em português é constituída por 68 números, assim distribuídos:

1941: 12 ao 23/24. 1942: 1 ao 23/24. 1943: 1 ao 24. 1944: 1 ao 7.

1945: 1 e 4, mais o SIGNAL EXTRA n.º 6 (V2)

Os registos da Deutscher Verlag dão conta da impressão de exemplares em português ao longo de todo o ano de 1944, mas somente são conhecidos os números 1 a 7. Apesar da estatística mencionar a impressão de 13.000 exemplares de cada número do 8 ao 19 deste ano, até ao momento não apareceu nenhum destes.

ALGUMAS PARTICULARIDADES DA EDIÇÃO EM PORTUGUÊS

A partir do n.º 19 de 1942 a revista recebe artigos que são próprios a esta edição, que ocupam em média três a quatro páginas por número, com excepção dos números de 1945. Mais tarde daremos lista detalhada destes artigos reportando à edição-base, que é a alemã.

Ano a ano, as peculiaridades mais relevantes são as seguintes:

1941: O número 12 é produzido e impresso em Berlim, os seguintes produzidos em Berlim e impressos em Paris. Neste ano, grande parte da edição em Português é enviada para o Brasil, o que aconteceu pelo menos até ao mês de Dezembro. A partir da declaração de guerra da Alemanha aos Estados Unidos da América na sequência do ataque japonês a Pearl Harbor, os submarinos alemães passaram a bater as rotas comerciais das Américas e tornaram o tráfego marítimo quase impossível. O Brasil veio a declarar guerra à Alemanha em Setembro de 1943, enviando unidades militares terrestres e aéreas para combater na Itália. Assim, o ano de 1941 é mais difícil de encontrar do que os anos de 1942 e 1943, devido à distribuição para os dois países duma tiragem não muito elevada. A distribuição da SIGNAL em Portugal, que em final de 1940 pouco ultrapassa os 8.000 exemplares, vai apesar de tudo subindo ligeiramente.

1942: A partir do n.º 19, presença de artigos especificamente destinados à edição em português numa média de 3 a 4 páginas por número salvo excepções, até ao n.º 7 de 1944. A distribuição em Portugal estabiliza num número acima dos 10.000 exemplares.

1943: O número 8 deste ano não é conhecido completo. com efeito quatro das suas páginas foram cuidadosamente cortadas em todos os exemplares conhecidos. O artigo retirado parece ter sido “A mulher portuguesa de 1943”, cujo título aparece no sumário. Este artigo veio a surgir de novo no número 14 do mesmo ano, o que sugere ter existido alguma anomalia séria na primeira versão. Pelos vestígios existentes no n.º 8, a composição gráfica foi mantida, pelo que a “gralha” deve ter sido no texto. Segundo a PVDE, a distribuição da SINAL atinge neste ano os 15.000 exemplares. É também o ano em que a produção global da SIGNAL, considerando todos os locais onde era impresso, ultrapassa os 2.400.000 por número, certamente um dado muito significativo.

1944: Este ano é importante para a SIGNAL em português. Segundo informação do meu amigo Alexander Zoller, existem documentos internos da casa editora, a Deutscher Verlag, que dão conta da preocupação pela quebra de receitas registadas na venda da revista, em toda a Europa. As vendas da revista eram consideradas como o reflexo da influência da revista, e ajudavam a manter os custos controlados. Por razões comerciais a direcção da Deutscher Verlag decidiu avaliar a receptividade do público à edição da revista com novas e atractivas capas a cores. Paralelamente, seria também uma resposta ao surgimento da VICTORY (USA) e da introdução de cor nas páginas interiores da WAR IN PICTURES (Grã Bretanha). Assim, Portugal e Espanha foram escolhidos para ensaiar as novas capas devido à queda significativa das vendas nestes dois países. Como atrás se disse, segundo a PVDE eram distribuídos em Portugal nos anos de 1942 e 1943 cerca de 15.000 exemplares por número. Ora em 1944 estes números baixaram para quase metade, e a percentagem de exemplares vendidos comparativamente com os oferecidos ainda mais, reflectindo desinteresse do público. Assim, Portugal e a Espanha foram objecto desta experiência destinada a aumentar as vendas e a receptividade da revista, e devido a essa circunstância têm o privilégio de ter três números, os 4, 5 e 6, com capas a cores que não existem em mais parte alguma. No caso português, a Deutscher Verlag incorreu no custo adicional de manter o título SINAL, o que obrigava a preparar matrizes em duplicado. Estes números são muito procurados, em especial aqueles que têm uma estrela de 4 pontas inserida num círculo sob a numeração. Há quem diga que estas estrelas distinguem os números distribuídos na embaixada, mas pessoalmente duvido desta explicação. Conhecem-se com esta estrela os números 4, 5, 6 e 7. Na edição espanhola existem estrelas nestes e ainda no número 8. O número 7 chegou a Portugal com atraso relativamente ao resto da Europa. Segundo o meu amigo Sérgio Trémont, alfarrabista do Porto e coleccionador entusiasta da SIGNAL, ele próprio, muito jovem, comprou um exemplar num quiosque do Porto em Junho de 1944. Teoricamente, o número 7 deveria ter chegado a Portugal em Abril, mas tal não ocorreu. Os números seguintes, 8 a 19, não são conhecidos em português por razões que se ignoram. As estatísticas da Deutscher Verlag fazem menção da sua impressão em Berlim, local para onde foi transferida a impressão da edição em português após a queda de Paris, e até mencionam o número de exemplares impressos, 13.000 por número (!), mas não há nenhum registo até ao momento de terem aparecido. Existem diversas hipóteses explicativas, uma das quais sugere a impressão e imediata reciclagem das edições, outra aponta para a “fabricação” das estatísticas para efeitos internos ou externos. O facto é que se ignora o que terá ocorrido.

Fotografias dos números 4, 5 e 6 de 1944, edição Po.

1945: Apenas excepcionalmente viriam a ser referenciados exemplares em português de 1945: conhece-se a existência de dois exemplares do n.º 1, dois do n.º 4 e apenas um do SIGNAL EXTRA n.º 6. A impressão destes números é um mistério, pois nenhum deles foi localizado em Portugal. Durante a guerra, chegaram cá exemplares do n.º 1 em francês, do n.º 2 em alemão. Que eu saiba mais nenhum. A própria Esfera publicou no seu n.º 107 de 20 de Janeiro de 1945 uma tradução para português de um dos principais artigos da SIGNAL n.º 1/1945, sugerindo que se desconhecia que essa revista existisse em português. A própria data da publicação d’A ESFERA sugere que havia conhecimento desse conteúdo em 1944, o que vai de encontro a algumas teorias que dizem que os números 1, 2 e 3/ 1945 da SIGNAL foram de facto impressos em 1944. Quanto ao número 4 de 1945, existe a hipótese deste número ter sido preparado e impresso por razões estritamente internas aos mecanismos da propaganda, sem intenção de o distribuir. Existe um memorando datado de Fevereiro de 1945 que sugere a possibilidade da sua produção. O n.º 4 de 1945 foi produzido em quantidades mínimas em línguas cuja edição já havia sido interrompida. De qualquer modo, os exemplares em português de 1945 são duma raridade extrema, pois a respectiva tiragem não chegou aos 1.000.

Em breve mais acerca destes temas

Augusto Mouta

28
Jan
10

SIGNAL – as diferentes edições / the different editions

(English version below)

A revista SIGNAL teve o seu início de publicação em Abril de 1940, em quatro edições distribuídas por diversos países. Alemão, inglês, italiano e francês foram as quatro línguas originais. Seguiram-se as seguintes, com notação do código da edição e título próprio, diverso da edição-base (SIGNAL):

Abril de 1940: alemã (D), francesa (F), inglesa (E) e italiana (D/I, I)(SEGNALE)

Maio de 1940: dinamarquesa (Da) (SIGNALET)

Junho de 1940: holandesa (N, H) (SIGNAAL)

Agosto de 1940: norueguesa (N)

Janeiro de 1941: espanhola (D/ Sp, Sp)

Março de 1941: búlgara (B) (СигналЪ)

Abril de 1941: sueca (Sch) e húngara (D/ U, U)

Maio de 1941: romena (Ru) e croata (Kr)

Junho de 1941: portuguesa (Po) (SINAL), turca (Tü) e iraniana (Ir)

Julho de 1941: grega (Gr) (Σύνυημα)

Janeiro de 1942: finlandesa (Fi) (SIGNAALI)

Julho de 1942: eslovaca (Sl) (SIGNÁL) e sérvia (S) (Сигнал)

Setembro de 1942: russa (Rus, Rs. Em 1944, Ost) (Сигнал)

Outubro de 1942: árabe (Ar) (شال )

Agosto/ Setembro de 1944: polaca (P)

Fevereiro/ Março de 1945: edições para a estónia e a letónia (ambas sem confirmação, mas existem cópias parciais do n.º 4 de 1945 destas duas edições)

Pode considerar-se a russa desdobrada em duas pois nos últimos números de 1944 e de 1945 parte do conteúdo vinha ainda traduzido em Georgiano, Tatar, Tártaro da Crimeia, Arménio, e Azerbeijão (Azeri). A própria editora atribuiu códigos distintos a estas duas fases: “Rus” para a edição destinada aos russos, e “Ost” para um conjunto mais alargado de povos da antiga URSS.

Assim, se contarmos os códigos, incluindo as duas edições que ainda não tiveram confirmação apesar de existirem cópias parciais, são ao todo 26 edições em línguas diferentes. 

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SIGNAL magazine begun its publication in April 1940, in four different editions that were distributed in various countries. German, english french and italian were the original languages. The following languages were then added, with edition code and title if different from the base edition (german, SIGNAL):

April 1940: german (D), french (F), english (E) and italian (D/I, I)(SEGNALE)

May 1940: danish (Da) (SIGNALET)

June 1940: dutch (N, H) (SIGNAAL)

August 1940: norwegian (N)

January 1941: spanish (D/ Sp, Sp)

March 1941: bulgarian (B) (СигналЪ)

April 1941: swedish (Sch) and hungarian (D/ U, U)

May 1941: rumanian (Ru) and croat (Kr)

June 1941: portuguese (Po) (SINAL), turkish (Tü) and iranian (Ir)

July 1941: greek (Gr) (Σύνυημα)

January 1942: finnish (Fi) (SIGNAALI)

July 1942: slovakian (Sl) (SIGNÁL) and serbian (S) (Сигнал)

September 1942: russian (Rus, Rs. In 1944, Ost) (Сигнал)

October 1942: arabic (Ar) (شال )

August/ September 1944: polish (P)

February/ March 1945: editions in estonian and letish (both without plain confirmation, although there are partial xerocopies of the summaries of n. 4 of 1945 from both these editions)

The russian edition was in fact two editions, because in the last issues of 1944 and 1945 part of its content namely the summary went tranlated in Georgian, Tatar, Crimean Tatar (Crimean-Turkish), Armenian, and Azerbaijani (Azeri). Deutscher Verlag itself attributed different codes to these two distinct phases: “Rus” or “Rs” for the edition destined to russians, and “Ost” for the broader group of peoples of the former USSR.

So, if we count the codes, including the two for which we still don’t have confirmation, there are 26 different editions.

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Em breve mais acerca deste tema

Augusto Mouta

28
Jan
10

USA: YANK

A revista YANK é uma publicação única nos anais da guerra. Tendo tido o seu início em 1942, foi uma revista feita pelos soldados e para os soldados, que foi publicada, tal como a SIGNAL, em mais de 20 edições distintas.

Não é uma revista de propaganda nem um jornal oficial do Exército. Mais tarde incluiremos mensagens acerca das excelentes revistas da Força Aérea (AIR FORCE) e Marinha (OUR NAVY) dos EUA, pois são excelentes publicações. Mas a YANK será a publicação mais relevante e demonstrador da especificidade da democracia americana: nenhum outro país em guerra arriscou a produção dum “newspaper” no qual os soldados ironizam a sua situação relativamente ao pessoal “do quadro”, oficiais e sargentos, e se queixam da sua situação.

A YANK não é redigida e desenhada por um “staff” de propagandistas, mas por escritores, jornalistas, ilustradores e fotógrafos que na vida civil, antes da mobilização para a guerra, trabalhavam em jornais, em revistas e até no cinema. Ao terminar a guerra, e ao serem desmobilizados, estes homens voltaram às suas profissões, nas quais se notabilizaram. Alguns foram atingidos pela comissão do Senador McCarthy, outros prosseguiram as suas carreiras sem problemas desses.

Na selecção de edições ilustradas acima, encontra-se o 1º número, de 17 de Junho de 1942, na edição original. Seguidamente, exemplares da British Edition, feita na Grã Bretanha, uma Mediterranean Edition feita no Norte de África, uma Continental Edition, feita em Paris, pasme-se, na mesmíssima Curial Archereau que fazia a impressão da SIGNAL, com os mesmos papéis e tintas, uma DOWN UNDER feita na Austrália e uma Tokio Edition, feita brevemente em Tóquio entre o momento da chegada dos militares americanos de ocupação do Japão e o fim da revista, ocorrido em Dezembro de 1945.

Acima, um artigo da EM GUARDA dedicado à YANK e ao seu staff.

Note-se a presença da “pin up”, pelo menos uma por número.

As diferenças entre as edições foram muito significativas. A título de exemplo, a forma como três das principais edições, a USA, a British e a Continental, tratam a rendição da Alemanha. O número especial USA só sai em 25 de Maio, embora as outras duas edições tenham saído já em 18 de Maio, com capas infinitamente mais expressivas. Na foto, à esquerda as edições USA de 18 de Maio e a VE de 25 de Maio; no centro, as British Edition (Londres) de 18 de Maio Victory in Europe e a de 25 de Maio; à esquerda, a Continental Edition (Paris) de 18 de Maio Victory Edition. Nas duas últimas, a alegria da Vitória é compensada pela consciência do custo: a pintura da capa intitula-se “The last full measure of devotion”. Na edição USA, uma fotografia reduzidíssima de um soldado alemão a render-se, com legenda “Fade out”. Duas perspectivas totalmente diversas do mesmo evento!

A revista viria a terminar em Dezembro de 1945, através de uma carta de desmobilização assinada pelo punho de Eisenhower.

Loque que possível, mais acerca deste tema.

Augusto Mouta

28
Jan
10

USA: EM GUARDA

A propaganda dos Estados Unidos da América apoiou-se em serviços próprios que nunca tiveram a qualidade dos alemães e ingleses, e teve essencialmente dois momentos-chave, cada um deles associado a um suporte media : o primeiro, com a edição da revista EM GUARDA, ou EN GUARDIA na sua versão em espanhol, com o sugestivo subtítulo “PARA A DEFESA DAS AMÉRICAS”, destinada originalmente à América latina, mas distribuída igualmente em Portugal e Espanha. Após uma chuva de críticas, os EUA decidiram-se a dar o segundo passo, a edição da revista VICTORY com destino ao público da Europa.

Esta primeira mensagem respeita à revista EM GUARDA.

A publicação da revista EM GUARDA foi de facto iniciada em Abril de 1941, portanto antes da eclosão das hostilidades entre os EUA e o Japão, o que é significativo da ante-visão americana da guerra que estava para vir. O registo oficial foi feito por um bureau do governo americano em Filadélfia em 8 de Maio de 1941, data aproximada da publicação do n.º 1.

Esta revista teve desde o seu início vistosas capas a cores num estilo propagandístico ingénuo e pouco imaginativo. O conteúdo era de qualidade e elaboração muito baixo, apesar do peso significativo das fotografias, muitas delas a cores. O estilo gráfico era extremamente rígido.

Ao comparar-se com a SIGNAL que durante meses chegou sem problemas aos países destinatários, em particular o Brasil que a recebia desde 1940, e em português (SINAL) desde Junho de 1941, a EM GUARDA perdia em todos os campos.

Páginas interiores da EM GUARDA. Na da esquerda, a célebre foto que iniciou a polémica

Mas atenção: se estas características eram perfectíveis, a revista evoluiu rapidamente no aspecto do realismo da representação da guerra. Em breve a par de espectaculares fotos a cores, EM GUARDA passou a apresentar as duras realidades da guerra dum forma que não terá paralelo durante todo o conflito. Foi a primeira a publicar imagens chocantes de cadáveres de soldados em enquadramentos de guerra, não se coibindo mesmo quando alguns eram americanos. Publicou, ainda, fotografias de aviões americanos no momento de serem abatidos. Muitas destas fotos não seriam publicadas hoje por qualquer órgão de informação. A publicação da foto acima, que mostra os cadáveres de três marines abandonados numa qualquer praia do Pacífico, foi uma ousadia para a época, e causou um pequeno escândalo nos EUA que teve como repercussão o desencadear-se uma acesa polémica política e jornalística em torno do nível de realismo que seria expectável numa publicação que representava os EUA no exterior, tanto mais que até a VICTORY sair em 1943 era a única a chegar à Europa.

A equipa da EM GUARDA venceu esta batalha, e abriu o caminho a que publicações posteriores tivessem um elevado nível de realismo fotográfico. No entanto, ao nível dos meios de propaganda dos EUA continuaria a ser a única a fazê-lo. A sua congénere VICTORY, destinada ao público europeu, manteve a imagem que deu da guerra num nível quase asséptico, o que contribuiu para a sua depreciação por parte dos media americanos, como a LIFE, revista que escreveu que a considerava inferior à SIGNAL.

Em breve mais acerca deste tema.

Augusto Mouta